
O que nos separa do mundo dos sonhos? Como reconhecer a realidade? Sentidos? Materialidade? Não estão estes também presentes em sua experiência onírica? Não fazem dela um universo tão real quanto o... quanto a... Afinal, onde está o ladodecá e o ladodelá? Se o que nos separa é o ato de acordar, devíamos então nos ocupar em descobrir onde fomos parar em meios a tantos e tantos despertares...
"Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando dispertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são
Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.
Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.
Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida".
(Fernando Pessoa, 28-9-1933)
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